28 de outubro de 2011

Documentação para viajar de carro pelo Mercosul e Chile

Fonte: Altamontanha.com - Por Pedro Hauck - Data: 18/06/2009

Viajar com seu próprio veículo é bastante vantajoso devido à liberdade de locomoção, conforto e segurança. Se você for ainda dividir as despesas com amigos, viajar de carro acaba sendo também a alternativa mais barata e divertida de se conhecer outros lugares.

O que pouca gente sabe é que viajar para fora do Brasil com seu próprio carro é permitido e é também a alternativa mais interessante e econômica. Entretanto, antes de pegar a estrada é preciso saber que existem alguns trâmites burocráticos para sair do país com seu veículo que não são muito claros nas informações consulares.

Nós do Altamontanha, de tanto irmos aos Andes, passando e sofrendo muito em aduanas e termos vivido em nossas peles as deficiências de comunicação das autoridades vamos explicar direitinho o que tem que ser feito para sair com seu carro do Brasil. As verdades e mentiras sobre documentação, regras de trânsito e dicas para que sua viagem de carro pela Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai seja tranqüila e sem imprevistos.

O que precisa?

A princípio, os documentos necessários para viajar de carro pelos países do Mercosul e Chile são:

1. CNH brasileira dentro do prazo de vencimento.

2. RG ou passaporte originais

3.CRLV do veículo no nome do condutor.

4.Seguro carta verde.

5.Dois triângulos e um kit de primeiro socorros.

As exigências parecem ser simples, entretanto podem surgir complicações, pois existem vários poréns que não são explicados pelas autoridades, como por exemplo, quando o carro que você dirige está no nome de outra pessoa.

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Legalização

Quando seu carro é emprestado, você precisará fazer uma legalização. Este é um problema chato e burocrático, aconteceu comigo uma vez e eu quase perdi a viagem devido à falta de informação sobre o que proceder neste caso.

A legalização é feita através do Ministério das Relações Exteriores em Brasília. Não é necessário ir até lá, pois os trâmites podem ser feitos por correio, entretanto, por este método ele demorará no mínimo 20 dias e se você não der início no processo de legalização com bastante antecedência correrá o risco de perder a viagem.

A legalização consiste em uma autorização por escrito. Nela tem que constar os dados do proprietário e condutor completos, assim como todas as informações do veiculo: Fabricante, modelo, ano, cor, motor, número de chassi, código Renavam, placa, etc. O documento deve ser assinado pelo proprietário e ter firma reconhecida em cartório para depois ser enviado para este endereço:

Divisão de Assistência Consular (DAC)

Esplanada dos Ministérios

Bloco H - Palácio Itamaraty

Anexo I - Térreo

70170-900

Brasília, DF - Brasil

Tel: (0XX61) 3411-9713

Fax: (0XX61) 3411-8800

Quem tiver pressa em obter esta documentação dirija-se pessoalmente à este endereço, pois pessoalmente a legalização é feita em 2 dias.

Seguro Carta Verde

te é um item que todo mundo se confunde, afinal o que é este seguro Carta Verde?

O seguro Carta Verde é um seguro que cobre apenas acidentes com terceiros, ou seja, se você bater o carro, seu Seguro Carta Verde irá indenizar o condutor do carro que você bateu.

 Seguro Carta Verde foi implementado na criação do Mercosul e é uma exigência para todos os países que fazem parte deste bloco econômico. O Chile não exige este documento.
Este seguro NÃO está incluído nos seguros normais de carro que temos, mesmo que eles tenham validade no Mercosul e no Chile. Geralmente para acidentes fora do Brasil os seguros normais só cobrem o seu veículo e os cuidados com você.

Existem várias seguradoras que fazem este tipo de seguro. O Seguro Carta verde mais famoso é o Sulamérica.
O seguro Carta Verde é somente obrigatório no Mercosul, Chile, Peru, Bolivia e outros países não pedem.

Nota: Consulte e faça online o Carta Verde em: www.lumaseguros.com.br/cartaverde.htm (válido para carros, pickups, motorhome e moto de qualquer cilindrada)

Carteira de motorista internacional

A carteira internacional de motorista é um livrinho que traduz para 8 idiomas aquilo que está escrito em sua habilitação. Para ter este documento é preciso apenas ter sua carteira de motorista em ordem. Ele é usado se você for dirigir em países de lingua distinta da sua, mas para viajar pela América do Sul, a proximidade do português com o espanhol não criam impecilhos para que os policiais dos outros países entendam o que está escrito em seu documento brasileiro.

Me disseram que a carteira de motorista internacional substitui a Carta Verde e talvez por isso estes documentos são muitas vezes confundidos. Não é necessário ter a carteira internacional para viajar pelo Mercosul e Chile (tão pouco para outros países da América espanhola), pois a CNH brasileira é válida nestes países. Muita gente sem informação acaba viajando com os dois documentos sem necessidade e acaba tento um gasto inútil.

Precaução com combustível lá fora

Não custa nada dizer, mas fora do Brasil não existe Álcool. A gasolina lá fora é muito boa, e por que incrível que pareça isto pode ser um problema. Isto por que nossa gasolina é bastante diluída com álcool, o que a deixa um pouco mais fraca em relação com as gasolinas de outros países. Por isso não é bom abastecer com gasolina aditivada lá fora, pois os motores brasileiros foram feitos para uma gasolina mais fajuta. Na Argentina e Chile os combustíveis têm nomes diferentes, mas são a mesma coisa que os nossos. Observe a tabela abaixo e veja o que equivale cada combustível.

Brasil:  Gasolina - Diesel
Argentina:  Nafta - Gasoil
Chile: Benzina - Diesel

Na Argentina dê preferência aos postos da rede YPF que segundo o povo de lá é o combustível mais confiável. Assim como aqui não confie em qualquer posto 'mequetrefe'. Na Argentina há três tipos de gasolina: a Normal, Super e Fangio XXI. Nunca abasteça com a Fangio, pois esta gasolina é boa demais para nossos motores, prefira sempre a Super.

No Chile a gasolina é vendida pela octanagem: 93, 95 e 97 octanos, siga a mesma dica dada para a Argentina e abasteça com a do meio.

Quem tem kit gás Brasileiro e for abastecer na Argentina e Chile, é trocar a válvula onde encaixa o bico injetor de gás, pois na Argentina o tamanho é diferente. O problema é comprar este adaptador. Ele geralmente é vendido em lojas de 'repuestos' ou nas proprias oficinas 'Talleres' de GNC, como é chamado o GNV lá na Argentina. Esta peça custa apenas uns 40 Pesos, não sejam enganados!

Um problema é que nas cidades fronteiriças com o Brasil você não encontrará esta peça, pois não existe posto com GNC nestas cidades. Outro problema que encontrei viajando com gás é que lá é obrigado ter um adesivo colado no vidro do carro que é o certificado de que seu kit gás está OK. Este adesivo chama-se 'Oblea' e muitos frentistas sem cérebro não conseguem entender que a tal Oblea é um documento argentino e que nosso certificado do Inmetro é válido lá e então eles não te abastecem com o gás.

Para evitar qualquer problema, visite o site oficial do Mercosul e consulte a resolução que trata sobre o abastecimento de GNV. Para facilitar sua busca, clique aqui para ir direto à página da tal resolução em português e aqui para espanhol.

Para evitar problemas nos postos de gasolina, imprima esta resolução e quando o frentista cabeça de vento não quiser abastecer seu carro com gás, chame o 'encargado' e mostre a resolução à ele!

Pedágios

Em todos os países há pedágios. O Chile especialmente é o país dos pedágios, pois além de ter muitos, eles são caros, lá a moeda é bastante valorizada em relação ao dólar e isto pesa muito (no Chile se paga por tudo, até por informação!).

Já na Argentina os pedágios são super baratos e não chegam a incomodar. Os hermanos argentinos não tem autopistas modernas como os chilenos, mas suas estradas de pista simples são também excelentes, com pavimentação de qualidade e sinalização padronizada em todas as quase todas as Províncias e estradas (há excessões em pouquíssimos lugares).

Bolívia me surpreendeu recentemente pela quantidade de pedágios existentes nas estradas de lá. Existem pedágios até em estradas de terra. Me surpreendeu também a maneira como eles funcionam, pois ao parar, os funcionarios pedem seus documentos e muitas vezes obrigam você a se registrar no local! O valor do pedágio é proporcional ao tanto que você vai andar na estrada, por isso você tem que dizer de onde vem e para onde vai. O estranho é que não existe uma tabela clara destes valores. Entretanto, como a moeda da Bolívia é bastante desvalorizada, estes pedágios acabam não pesando muito em seu bolso.

No Paraguai e Uruguai também há pedágios, mas somente perto de suas capitais. As estradas nestes países são também muito boas e bem sinalizadas. Quem for dirigir nestes dois países tomem apenas uma precaução: Abasteçam antes de pegar a estrada, pois o interior do Uruguai e Paraguai é muito pouco povoado, quase não há cidades e tão pouco postos de combustível.

Corrupção Policial

Corrupção Policial é uma realidade tanto no Brasil quanto em nossos países vizinhos, menos no Chile. Ao ser abordado neste país cometendo alguma infração, não tente subornar os Policiais. Os Carabineiros, como são chamados os policiais no Chile, são muito corretos e disciplinados, não aceitam propina e punem quem tenta corrompê-los.

A Polícia no Paraguai e na Argentina tem uma fama terrível de ser exatamente o contrário da Polícia chilena. Isso não deixa de ser verdade, mas também não é regra.

Eu mesmo já tive problemas, principalmente com os policias provinciais, então, tenha todos os documentos obrigatórios e também seu carro em perfeitas condições com pneus bons e extintor dentro do prazo de vencimento, não esqueça dos dois triângulos e do kit de primeiros socorros para não ter problemas.

Quando me pararam na Argentina tentando me multar, os guardas provinciais de Misiones inventaram um documento chamado 'Revision Técnica', que não existe. Não caia nesta lorota de Revisión Técnica!

Antes de viajar veja as resoluções sobre a documentação para transitar com veículo brasileiro na Argentina no site do Mercosul. Imprima a resolução e mostre para um policial se ele for inventar algum documento inexistente para te multar. Nunca perca a esportiva para não ter problemas com desacato!

Problemas com bagagem na fronteira

Há coisas que não podem atravessar a fronteira, como alimentos perecíveis (Frutas, carnes, leite) e qualquer tipo de plantas e animais vivos. Se você for viajar com um animal de estimação, terá que obter permissão no ministério da agricultura da aduana onde você irá atestar que seu animal é sadio e recebeu todas as vacinas.

Se você tem equipamentos eletrônicos de valor, declare-os para não ter problemas na volta. Isso geralmente não tem muito problema na Argentina, mas no Paraguai é levado à sério, nem precisa falar porquê.

Não seja louco de tentar passar a fronteira com armas de fogo ou drogas, você será indiciado por tráfico internacional e isso é gravíssimo.

Regras de trânsito

As regras de trânsito diferenciam de país em país, mas em geral no que tange os “'bons modos' é tudo igual. O que muda na realidade é a flexibilidade com que o motorista encara a lei e o rigor que o estado pune o infrator. Para o motorista brasileiro que já está acostumado com radares eletrônicos, fiscalização dura e punições, verá que nossos vizinhos, com exceção do Chile, têm o trânsito igual ao que tínhamos há 20 anos atrás, ou seja, com motociclistas sem capacete, motoristas sem cinto de segurança, carros velhos sem segurança circulando, gente dirigindo em alta velocidade, etc... Mas cuidado! Agindo como eles você descobrir se a fama da Polícia destes países é mesmo verdadeira. Eu não recomendo testar!

Ps. Alguns leitores me perguntaram da obrigatoriedade do porto do cambão e outros equipamentos de reboque. Pois bem, eles não são mais obrigatórios. Se por um acaso um policial argentino pedir, ele está querendo na verdade outras coisas... Não caia no golpe!





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