Fonte: Globo.com
A polícia e o Ministério Público investigam a existência de um esquema de fraudes contra clientes que possuem seguros de veículos, com a participação de policiais. Em quatro, só no 27º Distrito Policial do Campo Belo, zona sul da capital, há 188 inquéritos instaurados, suspeitos de irregularidades, em que as seguradoras acusam clientes de fraudes.
O golpe funcionaria da seguinte maneira: ao ser acionada pelo segurado, a empresa providenciaria com reguladoras (empresas que investigam sinistros e são terceirizadas) documentos frios no Paraguai, dizendo que o dono do carro esteve no Paraguai e vendeu seu carro dias antes de prestar queixa do roubo, com o suposto objetivo de fraudar a seguradora. Em seguida, a empresa presta queixa e o cliente é indiciado por fraude e estelionato. A maioria das queixas deste tipo foi registrada no 27º DP, com o mesmo advogado de acusação, Carlos Alberto Manfredini. Mesmo o cliente provando que é inocente, ele não recebe o sinistro porque a apólice perde a validade. O dinheiro do seguro seria dividido entre policiais, a empresa reguladora e funcionários das seguradoras. São investigadas a Porto Seguro, Marítima, Bradesco e Finasa.
Um dos casos investigados e que foram arquivados pela Justiça é o de Marcus Chaves Heleno de Souza. Em 16 de novembro de 2000, ele teve um carro Monza roubado nos Jardins. O boletim de ocorrência foi registrado no 78º DP. A Porto Seguro, no entanto, apresentou documentos do Paraguai provando que o veículo tinha sido vendido lá antes do roubo. Em seguida, processou Souza por estelionato e fraude. Nas alegações finais, a Justiça considerou a ação improcedente. O Ministério Público constatou que os documentos do Paraguai foram conseguidos pela WSN, empresa que presta serviços para a Porto Seguro.
O advogado Manfredini diz que os carros foram de fato negociados no Paraguai e que pretende depor no Ministério Público para esclarecer e mostrar os documentos. O gerente de sinistros da Porto Seguro, Marcos Cavalle, diz que apenas 0,38% dos sinistros reclamados em 2003 não foram pagos por constatação de fraude e que se ocorreu falha nestas apurações as autoridades devem apurar.
A Marítima, em nota, informou que antes de pagar o sinistro toma providências e, caso haja suspeita de fraude, comunica a polícia. O diretor de Automóvel da Federação Nacional das Seguradoras (Fenaseg) disse, em nome da Bradesco e da Finasa, que as denúncias devem ser apuradas com rigor. A Secretaria de Segurança Pública informou que não comenta investigações em andamento.
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