Condições da garagem e do veículo contam na precificação do seguro; os valores devem subir em 2015 Segundo a CNSeg, entidade que representa as empresas de seguros, até outubro de 2014 foram vendidos mais de R$ 26 bilhões em seguros de automóveis. O preço desse tipo de produto, um dos mais populares no setor de seguros, é definido de acordo com o perfil do automóvel e do usuário.
Ainda que duas pessoas tenham um carro do mesmo modelo e ano, as apólices podem ser de valores bem diferentes – a diferença, de acordo com os perfis do cliente e do bem segurado, pode girar de 20% a 50%.
E nem todos os fatores levados em consideração pelas seguradoras estão sob controle do usuário. O índice de violência no bairro onde mora ou trabalho, por exemplo, pode encarecer ou baratear o produto consideravelmente.
“Isso tudo é avaliado de acordo com as respostas do questionário de avaliação de risco respondido pelo segurado com a ajuda do corretor. E é importante lembrar que fraudes podem interferir numa numa possível indenização”, explica Jaime Soares, superintendente de Automóveis da Porto Seguro.
Veja quais são os fatores que podem encarecer seu seguro de automóvel:
1. Idade
Condutores mais jovens, com faixa etária de 18 a 24 anos, pagam mais pelo seguro de seu automóvel. “Quanto mais experiente, mais barato o seguro fica. A maior experiência interfere em questões relacionadas a segurança do carro. As pessoas mais velhas procuram deixar o carro em estacionamentos, por exemplo, enquanto os mais jovens estacionam frequentemente na rua”, diz Soares.
2. Sexo
Historicamente, mulheres tendem a pagar menos. Segundo Soares, os sinistros de automóveis conduzidos por mulheres são menos onerosos: elas podem bater o carro mais vezes, talvez, mas o custo de reparo do automóvel é menor.
De acordo com Sérgio Barros, diretor de Produto de Automóvel do Grupo BB E Mapfre, no entanto, a questão do sexo interfere cada vez menos na precificação. “Na medida que as pessoas ficam mais velhas, as estatísticas mostram que as diferenças entre os sexos não são tão grandes”, afirma.
3. Distância percorrida pelo veículo
Você mora muito longe do trabalho ou da faculdade? Isso pode deixar o seguro do seu automóvel mais caro, já que o desgaste o deixa mais vulnerável.
4. Bônus
Se você é segurado há cinco, dez anos com a mesma seguradora e nunca teve um sinistro, pode ter desconto na apólice do seu seguro.
“Um dos fatores que mais proporciona redução no custo do seguro é a experiência positiva. Desta forma, respeitar as leis de trânsito e dirigir com prudência possibilita que o segurado sofra menos acidentes e consequentemente, aproveite a redução por conta do bônus”, afirma Saint-Clair Pereira Lima, diretor técnico de Automóveis da Bradesco Seguros.
“Se o segurado tem um histórico de sinistros, com muitos acidentes ou furtos, pode ver o preço de sua apólica ficar mais cara”, diz Soares.
5. Localização
As seguradoras usam estatísticas para precificar o valor do produto de acordo com o local por onde ele anda. Quem mora em bairros com maiores índices de roubos e furtos, paga mais.
Segundo Barros, moradores de grandes centros urbanos também pagam um valor maior do que os moradores de cidades menos populosa.
Isso não vale apenas para o local de residência do segurado, mas para locais de estudo ou trabalho caso você se locomova até eles de carro.
6. Garagem
Seu carro fica estacionado em garagem ou na rua de casa? A garagem é aberta ou fechada? Há estacionamento no seu local de trabalho? E na faculdade? O portão da garagem é automático ou manual? Seu prédio tem porteiro?
Todas essas perguntas são encontradas nos questionários elaboradas pelas seguradoras e refletem diretamente no preço do seguro.
“Se seu portão é manual, por exemplo, você provavelmente demora mais para guardar o carro e corre maiores riscos de ser assaltado. O seguro fica mais caro”, diz Soares.
7. Fidelidade
Na Bradesco, por exemplo, um fator importante de desconto é a manutenção do seguro na companhia. “A manutenção ao longo dos anos que proporciona um desconto de fidelidade”, diz Lima.
8. Coberturas
Segundo Barros, as coberturas escolhidas pelos clientes e o valor das indenizações em caso de sinistro são fatores importantes na precificação do seguro.
No caso de uma indenização de R$ 50 mil para danos a terceiros – caso você bata em outro carro ou atropele um pedestre, por exemplo – o preço é um. Para uma indenização de R$ 200 mil, outro. “É importante lembrar que essa é uma cobertura importante. A diferença de preço não chega perto da diferença da indenização”, diz.
Soares explica que, basicamente, existem seguros com coberturas básicas – roubo e incêndio – e o seguro compreensivo, que abrange coberturas para colisão, incêndio, roubo ou furto, e danos da natureza (inundações, raios, quedas de árvore, entre outros). “95% dos nossos segurados escolhem a cobertura coberta porque quer estar preparado e seguro para qualquer situação.”
“Temos padrões diferentes para as faixas etárias. As pessoas de 40 a 50 anos, por exemplo, costumam se preocupar mais e optar por coberturas mais completas, até por terem mais seguranã financeira”, diz Barros.
Para aproximar público e evitar fraudes, seguradoras tem produtos especiais
Para chamar a atenção de públicos que historicamente pagam mais pelos seguros ou evitar que os segurados fraudem respostas para baratear preço do produto, as seguradoras têm criado opções segmentadas para diversos públicos.
A Porto Seguro lançou, em 2014, o seguro Auto Jovem, especial para jovens de 18 a 24 anos. Além da redução da franquia – paga pelo segurado em caso de sinistro –, a seguradora oferece cursos de direção segura e defensiva.
Para optar pelo produto, os usuários precisam instalar um rastreador no automóvel. Ao andarem 95% do tempo da semana a uma velocidade menor que 90 quilômetros por hora e em horários antes da 0h e depois das 5h, acumulam pontos e descontos na renovação do seguro.
A seguradora também tem opções segmentadas para mulheres, que contam com assistência residencial e para idosos, com redução no valor da franquia e assistência residencial também. “Se ele compra uma smart TV e não sabe configurar, pode pedir que um técnico o ajude”, explica Soares.
A BB Mapfre tem uma cobertura especial para gestantes. A segurada grávida ou a mulher de segurado que estiver gestante conta com assistência para ser levada ao médico ou ao hospital em caso de emergência.
Preço de seguro deve aumentar
Para o advogado Antônio Penteado Mendonça, especialista em seguros, do escritório Penteado Mendonça Advogados, os preços dos seguros de automóveis deve aumentar em 2015.
“Estamos vendo um aumento no número de roubos e também no de colisões. Além disso, há a inflação que afeta bastante o setor”, diz.
Ainda assim, segundo o especialista, há espaço para o mercado crescer. “Apenas 25% dos automóveis brasileiros estão segurados, contando o DPVAT. É uma questão de fazer o motorista entender como é importante proteger o seu bem”, afirma Mendonça.
“O mercado cresce de 8% a 9% enquanto o PIB tem um crescimento pífio. Em alguns países, 11% do PIB vem na indústria de seguros, e aqui são 4%. Há muito potencial de crescimento”, diz Soares.
“Vimos a produção de carros cair 15% em 2014 e, mesmo assim, a indústria de seguros cresce. A gente gosta de acreditar que o motivo é a conscientização das pessoas sobre os cuidados com o seu bem e o bem dos terceiros”, corrobora Barros.
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