11 de janeiro de 2005

Seu carro perde valor, mas o seguro sobe. Como explicar?

Fonte: INFO MONEY PESSOAL SEGUROS
por: Fernanda de Lima

SÃO PAULO - Quem tem carro sabe que o tempo só serve para uma coisa, para fazer com que o preço de mercado do veículo baixe, e o custo de manutenção aumente. Afinal, os consertos se tornam mais freqüentes, e maiores, o que acaba pesando no seu orçamento.Entender o aumento nos gastos de manutenção parece fácil, mas o mesmo não se aplica ao aumento dos gastos com o seguro do carro. Como explicar que um carro que perde valor a cada ano, sofre aumento no seguro? Afinal, o seguro não serve para repor o carro em caso de perda total ou roubo?Reposição cai, mas reparação fica mais cara
Ainda que o raciocínio acima pareça bastante lógico ele é falho, pois considera que o seguro serve apenas para a reposição do veículo, cujo custo evidentemente cai com o passar do tempo.É preciso lembrar que na maioria dos casos o seguro tem como objetivo o conserto do veículo que foi alvo de acidente, e é aí que reside parte do problema. A reparação do veículo exige o uso de peças novas, cujos preços sobem muito mais do que o preço do próprio veículo zero km.Recentemente o Ministério Público entrou com ação contra algumas das maiores montadoras do país, alegando abuso na determinação dos preços das peças avulsas. O pedido teria se baseado em estudo que constatou que montar um carro novo comprando peça por peça custa oito vezes mais do que comprar um veículo zero km. Vale ressaltar que a diferença reflete apenas o alto custo das peças novas, já que não foram embutidos no cálculo os gastos com mão de obra, funilaria e pintura na montagem.Por que as peças são caras?
Aqui é importante lembrar que parte do custo das peças se deve ao fato de que as mesmas acabam oneradas pelo imposto em cascata que incide na sua cadeia produtiva que vai do fabricante para a montadora e daí para a concessionária e somente então para o consumidor final.Não bastasse isso, a alíquota de IPI que incide sobre o veículo zero km é menor do que aquela incidente nas peças. Enquanto a alíquota do IPI para veículos de motor até 1.0 é de 8%, subindo para 14% nos veículos mais potentes, nas peças o IPI é de 18%.O alto custo das peças acaba alimentando a indústria do crime, já que o roubo de veículos, sobretudo os usados, para desmonte cresce. E é exatamente este ciclo que explica o porquê do aumento do custo dos seguros de carros usados. Não bastasse o alto custo de reparação, que decorre do alto custo das peças novas, o aumento dos furtos para desmonte acaba implicando em maior risco para a seguradora.Furtos para desmanches encarecem seguro
Risco este que pode ser constatado na taxa de sinistralidade dos seguros de autos, que se encontra em cerca de 73%, e é uma das mais altas da indústria. Traduzindo, para cada R$ 1,00 em vendas de seguros as seguradoras gastam em média R$ 0,73 com o pagamento de indenizações. Quanto maior a incidência de furtos e roubos, maior esta taxa, e maior, portanto, o custo do seguro.Diante deste contexto, muitos motoristas optam por não segurar seus veículos usados com mais de cinco anos. Porém, na prática, o que ocorre é que quando precisa reparar o veículo, não têm como arcar com o alto custo das peças novas e o carro acaba sendo abandonado.A economia que faz em não contratar seguro acaba lhe custando mais caro, pois não tendo dinheiro para pagar pelas peças, o motorista efetivamente enfrenta uma situação equivalente à de perda total. Para piorar a situação muitas vezes o carro é financiado, de forma que nem mesmo é possível vender o veículo, pois a posse não lhe pertence. Frente a esta situação ocorrem muitas transferências irregulares de veículos, o que só contribui para piorar a situação deste segmento de mercado.

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