Empresas seguradoras de todo o mundo estão prometendo tarifas mais baixas para a cobertura automotiva. O truque é que elas querem instalar o equivalente a uma caixa preta de avião para monitorar como e onde você dirige. Aplicativos de smartphone e aparelhos que gravam dados de viagem e do veículo deverão se infiltrar no ramo de seguros automotivos em um ritmo rápido, impulsionados por descontos de até 30 por cento. A consultoria Oliver Wyman prevê que o uso de dados pelos seguros automotivos para estabelecer preços crescerá 40 por cento ao ano e se tornará um mercado de US$ 3,6 bilhões até 2020.
Para as seguradoras, a tecnologia fornecerá informações refinadas a respeito do estilo de direção de um indivíduo, o que inclui dirigir em alta velocidade para evitar um sinal vermelho, com o objetivo de melhorar os retornos neste segmento competitivo. Para os motoristas, o monitoramento estilo Big Brother oferece tarifas mais baixas e resposta mais rápida na eventualidade de um acidente, incluindo assistência médica e reparos. Em qualquer caso, o distanciamento em relação à prática padronizada de classificar os clientes por idade e histórico de direção pode ser inevitável.
Briga pela participação
“Em breve isso se tornará padrão no mercado”, disse Domenico Savarese, que dirige os esforços de informações veiculares da Zurich Insurance Group AG, empresa que oferece cobertura automotiva para cerca de 15 milhões de motoristas em até 30 países. Considerando que os automóveis estão cada vez mais equipados para reunir e transmitir dados, “o seguro automotivo, por definição, precisará mudar”.
A cobertura automotiva na Europa gera cerca de 130 bilhões de euros (US$ 160 bilhões) de receita de prêmios por ano, a maior do segmento depois do seguro de vida. Como o seguro automotivo está em grande parte padronizado, as seguradoras brigam por participação de mercado com tarifas mais baixas. Fabricantes de veículos como Volkswagen AG e BMW estão construindo carros mais conectados para adicionar recursos que alertam outros veículos a respeito de congestionamentos e, em última análise, para facilitar a direção autônoma. As reguladoras também estão reforçando a disseminação da tecnologia. A legislação da União Europeia exigirá que os carros novos tenham um sistema que notifica automaticamente os serviços de emergência após um acidente sério, transmitindo informações básicas a respeito da localização do acidente, mesmo se o motorista estiver inconsciente.
Descontos da Axa
Contudo, as fabricantes de veículos não tornaram as informações prontamente disponíveis porque buscam proteger seu território. Isso fez com que as seguradoras se afastassem das fabricantes de veículos com aparelhos que reúnem essas informações de forma independente.
“Considerando que as fabricantes de veículos guardam os dados para si, as seguradoras estão tomando um atalho”, disse Jürgen Reiner, sócio da Oliver Wyman. “Isso implica que as seguradoras assumem essa parte do relacionamento com o cliente à custa das fabricantes de veículos”.
Na Irlanda, a Axa SA está promovendo seu programa Drivesave com descontos de até 20 por cento para motoristas de 17 a 24 anos. O serviço usa um aplicativo de smartphone para registrar dados como aceleração, velocidade, distância e força de parada. Outros 10 por cento ao ano podem ser economizados se os clientes continuarem dirigindo de forma segura.
Novo padrão A Allianz SE, maior seguradora da Europa, está seguindo um caminho similar e abrirá um centro em sua sede de Munique no ano que vem para expandir seu produto de monitoramento do motorista de quatro para 10 países. Há décadas as companhias aéreas comerciais são equipadas com gravadores de voz e dados que registram informações do voo e podem ajudar a determinar a causa de um acidente. Embora existam preocupações de privacidade na expansão desse recurso para os carros, a atratividade de prêmios mais baixos e uma maior segurança são um incentivo poderoso, especialmente entre os motoristas jovens, que estão acostumados à conectividade permanente. Embora o seguro automotivo baseado no usuário responda por menos de 5 por cento do mercado, a fatia deverá aumentar para 26 por cento nos EUA e para 38 por cento no Reino Unido até 2020, segundo um estudo de novembro da Roland Berger Strategy Consultants.
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