Fonte: DIARIONET / COLABORADOR: VALLE - Data: 17/01/2006
Consórcio de imóveis dispara, mas tome cuidado.
Os consórcios de imóveis tiveram forte crescimento e até novembro de 2005 foram vendidas 170 mil cotas para compra de imóveis, reprensentando aumento de 42% em relação ao mesmo período de 2004. Com o desempenho, o número de pessoas com consórcios imobiliários atinge 309,6 mil. O principal diferencial é o fato de o consórico não requerer a comprovcação de renda, atraindo boa parte do mercado informal da economia, que não consegue acesso de outras formas de compra de um imóvel.
Como consórcio é algo que você pode pagar até o fim sem ter o bem de que precisa, não há cobrança de juros, claro. Mas antes de fazer essa escolha é bom saber que há um crescente número de pessoas que são excluídas dos planos, porque não conseguem arcar com as parcelas: já são 276 mil pessoas que desistiram pelos mais diversos motivos, o principal deles a falta de condição de continuar pagando as parcelas mensais. Agora terá de esperar até o final do grupo, o que pode levar 12 anos, para ter de volta apenas parte do dinheiro aplicado.
Nas operações de consórcio, o participante pagará a cota mensal correspondente ao valor da carta de crédito para a compra do bem dividido pelo número de meses de duração do grupo, mais a taxa de administração, o fundo de reserva e o seguro. As empresas cobram ainda uma taxa de adesão equivalente a 1% ou 2% sobre o total do crédito.
A taxa de administração normalmente varia de 17% a 19% por todo o período de duração do grupo e é diluída na quantidade de meses do plano. Por exemplo, uma taxa de administração de 17% num consórcio de 120 meses (10 anos) será transformada em 0,14% ao mês. As parcelas pagas pelo participante e o valor da carta de crédito são corrigidos anualmente pela variação do índice de preços previsto em cláusula do contrato.
Em termos comparativos, os juros cobrados pelos bancos no financiamento pelo SFH chegam a 12% ao ano ou 210,58% em 10 anos. A dívida é acrescida ainda de uma parcela referente ao seguro de vida. A prestação e o saldo devedor são atualizados mensalmente pelo índice que corrige o saldo da caderneta de poupança, atualmente a taxa referencial (TR). Por esse sistema, você vai pagar menos no valor final, em comparação com um financiamento bancário ou pela construtora, mas corre o risco de pagar o total e não ter a casa, se for o último contemplado.
Para cada grupo, os consórcios fazem duas ou mais contemplações por mês, parte por lance e parte por sorteio. Quem não tem imóvel e pretende comprar a casa própria poderá oferecer o dinheiro que tiver no Fundo de Garantia do Tempo do Serviço (FGTS) como lance, desde que se enquadre nas exigências para a liberação do dinheiro.
Cuidados - Apesar de os custos parecerem menores e atraírem o interesse das pessoas, o consórcio de imóveis tem prazo longo, que pode ser uma dificuldade para quem tem despesa de aluguel, por exemplo. No caso da aquisição direta de um imóvel pronto, o comprador deixa de pagar o aluguel e pode ter maior folga para quitar as parcelas. Portanto, essa provisão precisa ser incluída na conta antes da decisão.
Ao entrar num grupo para a aquisição do imóvel, o comprador precisa saber também que nenhum cotista estará livre de ser o último a obter a carta de crédito. A análise cadastral é feita apenas depois da contemplação e pode ocorrer de o cotista não atender aos requisitos exigidos para a liberação do crédito. Além da renda compatível, as empresas avaliam o histórico de endividamento e inadimplência.
Se o crédito não for aprovado, o mais indicado é continuar pagando as cotas para comprar o bem mais adiante. O cotista que desiste no meio do caminho só vai recuperar uma parte do valor pago no final do grupo. Não serão devolvidos os valores referentes ao seguro e à taxa de administração. Será descontada ainda a multa por desistência. Esse ponto leva a grande número de queixas contra consórcios no Procon-SP. A principal dúvida é sobre as regras de devolução do dinheiro. Assim, antes de optar pelo consórcio, avalie a situação financeira do grupo e o nível de inadimplência; consulte o Banco Central e o Procon para saber se a administradora tem autorização para funcionar e se há reclamações contra ela.
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