Fonte: Brasil Econômico Finanças - Aline Lima - Data: 21.01.2010
Venda da fatia de 14%do Itaú na seguradora deixa o caminho livre para o Bradesco, que desde dezembro mantém negociações
A venda da participação de 14% que o Itaú Unibanco detinha na Allianz, ocorrida na última sexta-feira, 15 de janeiro, para a própria Allianz, por R$ 109 milhões, abre espaço para a aproximação entre o Bradesco e a seguradora alemã. Segundo uma fonte que preferiu não ser identificada, a Bradesco Seguros estaria negociando a compra das operações da Allianz no Brasil desde o início de dezembro. O único empecilho era justamente a fatia que o Itaú mantinha na Allianz - problema este que, agora, está resolvido. Procurado, o Bradesco informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a notícia não procede. A Allianz comunicou que tem por política não fomentar especulações de mercado.
Desde o início de dezembro, Marco Antonio Rossi, presidente da Bradesco Seguros, está constantemente em viagem para Nova York. Um dos encontros de Rossi com executivos da Allianz ocorreu lá, uma semana antes do Natal. Detalhe: as conversas entre as duas partes transcorriam em espanhol. As operações da Allianz no Brasil são comandadas, desde abril de 2003, pelo chileno Max Tchiermann. As negociações parecem evoluir para um modelo de fusão. No desenho, a Bradesco Seguros ficaria com 51% do capital social e a Allianz teria 49% de participação. Com essa divisão, o Bradesco garantiria o controle da operação. O Bradesco, como é sabido no mercado, só fecha parceria se tiver assegurado o controle - premissa que teria dificultado negociações com a SulAmérica e a Porto Seguro.
A cifra envolvida na compra da operação brasileira da Allianz pelo Bradesco não sairia por menos de R$ 5 bilhões, segundo a mesma fonte ouvida por BRASIL ECONÔMICO. Para a Allianz, a fusão com o Bradesco não deixa de ser uma volta às origens. A seguradora alemã manteve, desde meados dos anos 70 até o início da década de 2000, uma joint venture com o Bradesco para o atendimento a clientes germânicos presentes no Brasil, chamada Allianz Ultramar.
Operação pode ser fechada por cerca de R$ 5 bilhões. Banco pretende ficar com 51% do capital social da companhia
Nessa associação, o Bradesco tinha 51% de participação e a Allianz, 49%. O Bradesco desistiu da parceria por conta da fusão global entre a Allianz e a francesa AGF. A união que está sendo costurada, no momento, com a Bradesco Seguros representa para a Allianz uma oportunidade de ampliar os negócios no país. Atualmente, a distribuição dos produtos da seguradora alemã conta apenas como canal de corretores. A capilaridade das agências bancárias será determinante para a concorrência no mercado de seguros, de acordo com especialistas da área.
A Allianz é conhecida por atuar em grandes riscos. No ano passado, aumentou sua capacidade de absorver apólices ainda mais portentosas ao trazer o braço ressegurador do grupo para o Brasil. Em julho de 2009, a Allianz Corporate & Specialty obteve autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para atuar como resseguradora no país.
As operações de maior volume da Allianz, no entanto, estão no segmento de automóveis, que correspondema 52,7% do volume total de prêmios. Até novembro, segundo os últimos dados disponíveis na Susep, os prêmios da Allianz como segmento de veículos somavam R$686,2 milhões.
Para a Bradesco Seguros, uma fusão com a Allianz faria com que ela alcançasse o segundo lugar no ranking de veículos, com um total de R$ 2,2 bilhões em prêmios, ultrapassando a SulAmérica e encostando no líder Porto Seguro Itaú. O Bradesco também passaria a ter atuação em grandes riscos.
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