A Superintendência de Seguros Privados (Susep) ainda tem dúvidas sobre o melhor modelo de comercialização de produtos e serviços do setor por meio remoto. A autarquia está, inclusive, realizando uma série de eventos para ouvir a opinião de executivos do mercado e especialistas com o intuito de chegar a um consenso. Os seguradores também estão preocupados com essa questão. “É justa a preocupação da Susep com o consumidor. Contudo, é preciso evitar que a criatividade do mercado seja tolhida na abordagem pelos meios remotos”, advertiu a diretora-executiva da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Solange Beatriz, no encontro mais recente.
Na visão dela, é elogiável a iniciativa de convocar o mercado para esse debate antes da aprovação do marco regulação sobre a venda de seguros por meios remotos. Solange Beatriz entende que essa troca de informações certamente permitirá o aperfeiçoamento de produtos e até mesmo o relacionamento do setor com o consumidor. “O debate está alinhado com o trabalho da CNseg de buscar uma permanente aproximação ética e transparente dos consumidores”, acrescentou.
Junto com o mercado, a Susep vem analisando as ferramentas tecnológicas utilizadas na venda de seguros utilizadas em outros países de vários continentes.
A autarquia também ouve especialistas de outras áreas. É o caso do consultor da IBM, Pedro Coelho, para quem, na comercialização de seguros populares e do microsseguro, as seguradoras ainda precisam aprender a pensar como varejistas, buscando um relacionamento próximo do público-alvo. “O processo precisa ser enxuto, eficiente e barato”, disse ele, no evento realizado pela Susep, acrescentando que é preciso oferecer produtos que atendam, de fato, às reais necessidades do consumidor, caminho que pode ser encurtado com a venda de produtos que combinem coberturas de diferentes ramos, como as de vida acopladas à poupança.
Já o diretor da Bradesco Seguros, Eugênio Velasquez, assinalou que o uso da tecnologia certamente poderá ajudar muito o mercado de seguros, independente da classe social dos clientes. Ele advertiu, contudo, que é fundamental mudar a atual regulamentação. “A legislação em vigor gera redundância operacional e custos maiores, dado o uso de papel exigido para proteger o consumidor”, reclamou Velasquez, que também é presidente da Comissão de Microsseguro da CNseg.
Na opinião do executivo da Bradesco, a experiência internacional sinaliza que o setor de seguros pode e deve diversificar seus canais de venda, com a utilização da internet e da telefonia móvel, além dos mais convencionais como terminais de caixa eletrônico, call centers e telemarketing. “É importante também combinar diferentes tipos de ferramentas, quando for possível. Além disso, algumas dessas tecnologias devem ser usadas por corretores de seguros”, acentuou.
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