22 de fevereiro de 2007

Segurado paga o custo da violência

Fonte: GAZETA MERCANTIL Data: 23/02/2007

Nos bairros considerados mais perigosos, o valor da apólice chega a triplicar. O feliz proprietário de um carro zero pode ter uma desagradável surpresa na hora de fazer o seguro do veículo. Dependendo de onde ele morar, a seguradora pode simplesmente recusar o risco de emitir uma apólice para ele. Na zona norte do Rio de Janeiro, por exemplo, algumas seguradoras só fazem o contrato se o cliente aceitar instalar um rastreador fornecido em regime de comodato (empréstimo) e, mesmo assim, o valor do prêmio é 216% maior do que pagaria o segurado se morasse na zona sul. É o preço da escalada da violência.

Em São Paulo, a variação de preços entre um seguro de carro no bairro dos Jardins, região nobre da capital, e a zona leste pode ser de 56,1%. O levantamento feito pela Porto Seguro no Rio de Janeiro e pela Indiana Seguros em São Paulo a pedido da Gazeta Mercantil mostra que o valor da apólice é menor nos bairros de classe média e média alta e mais alto nos subúrbios e periferias, regiões onde o índice de roubo de carros é maior, assim como a concentração dos desmanches clandestinos.

Em situações limites, as companhias estabelecem preços tão elevados que o motorista desiste de segurar o veículo.

"A tendência é cada vez mais as companhias precificarem de acordo com o risco, a exemplo do que aconteceu com a adoção do perfil", lembra Jabis de Mendonça Alexandre, vice-presidente de automóvel da Mapfre Seguros. "Antigamente o preço era único e o segurado mais velho arcava pela direção arrojada do jovem, hoje cada um paga pelo seu risco. No caso dos endereços, as seguradoras começaram precificando por região, mas como em um mesmo bairro há CEPs (Códigos de Endereçamento Postal) com frequência maior de roubos que outros, a tendência natural é que estes tenham custo de seguro maior."

Precaução

Algumas ações de gerenciamento de risco feitas pelo cliente são estimuladas pelas seguradoras. A instalação de rastreador reduz o custo da apólice em média em 20% - nos veículos mais visados pelos criminosos, localizados nos bairros com alto índice de roubo, a própria companhia de seguros fornece a peça -, carros com bloqueador tem 10% de desconto em média, gravação do número do chassis nos vidros do carro e travas reduzem o valor da apólice em 1%.

"Todo processo de roubo e furto envolve forças externas, o que está ao alcance do cliente é apenas tomar mais cuidado", diz Marcelo Sebastião, gerente de seguro de automóvel da Porto Seguro, que constata que o custo do seguro vem elevado desde o final de 2005.

A marcação do maior número possível de peças é uma das armas das companhias. "É apenas desta forma que o segurado conseguirá pagar um pouco menos", comenta o diretor operacional da Indiana Seguros, Jorge Martinez.

A Mapfre, por exemplo, importou da Austrália, e já está instalando nos carros dos segurados, uma tecnologia chamada datadot - microesferas que não são percebidas a olho nu - as bolinhas em cinco mil pontos do veículo, sem gravar na lataria. Se for roubado e fatiado, a polícia terá como identificar o proprietário de cada uma das peças.


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