Fonte: Gazeta Mercantil - Data: 31.01.2006
Fãs do U2 não pouparam esforços para conseguir um ingresso do show da banda irlandesa em São Paulo, na primeira leva de vendas. Fãs do Rolling Stones vêm planejando como garantir um lugar para ver a banda britânica tocar na praia de Copacabana, no Rio. Enquanto isso, o corre-corre no setor de seguros nos últimos dias foi para avaliação dos riscos e probabilidades de acidentes, para o cálculo do preço do seguro dos dois eventos, que ocorrem em fevereiro.
A não realização do show e os danos a terceiros são os principais riscos da promotora Planmusic, do empresário Luiz Oscar Niemeyer, que pagou cerca de 3% do valor segurado para se proteger. Se o espetáculo de Mick Jagger não ocorrer, a promotora terá até R$ 9 milhões para custear as despesas. É o segundo maior contrato do gênero no Brasil após o do Rock in Rio de 2000. Se o U2 não fizer o show, o custo da seguradora será de R$ 4,5 milhões.
A corretora Aon, com as seguradoras Generali e ACE, e o ressegurador IRB Brasil Re, foi a responsável pela contratação do seguro dos dois espetáculos. Apesar de os entrevistados não revelarem detalhes dos contratos, as duas apólices são assunto de todos do setor, principalmente porque o risco ficou no Brasil, sem a necessidade de contratação de resseguro internacional, o que fez um grande número de seguradoras participar do contrato.
A apólice do Rolling Stones tem indenização máxima de R$ 9 milhões e a do U2 de R$ 4,5 milhões para as despesas com a não realização do show. Ou seja, o prêmio ficou próximo a R$ 300 mil, considerando-se a taxa de 3%. "Se o show estivesse programado para a última sexta-feira, quando um temporal arrasou o Rio, com certeza a seguradora teria prejuízo, pois o show não teria condições de se realizar", disse Marco André, diretor da Generali Seguros, responsável pelas apólices de "no show", que não quis confirmar os valores levantados por este jornal.
Segundo Felipe Figueira, diretor da Aon, o seguro de risco de cancelamento e não aparecimento é de difícil colocação no mercado brasileiro. Apenas duas seguradoras trabalham com este tipo de apólice. "E elas operam pois contam com a capacidade de retenção do IRB Brasil Re. Hoje, o IRB retém a maior parte do risco, com uma capacidade na carteira de cancelamento de US$ 5 milhões, o que facilita e agiliza o andamento do processo no País", explicou.
O valor do contrato de responsabilidade civil não é divulgado, nem no Brasil nem no mundo, para evitar que este valor acabe influenciando o cálculo de ressarcimento em eventuais ações judiciais que possam ser movidas contra os organizadores.
Comenta-se no setor que o risco foi todo absorvido no mercado brasileiro, que conta com capacidade total de responsabilidade civil de US$ 35 milhões. "Um milhão de pessoas previstas para o show dos Rolling Stones para um mercado que ainda não tem muita experiência, é assunto para poucos interessados", avalia Dulce Thompson, analista de risco da Aon.
Robert Hufnagel, superintendente da ACE, responsável pelos contratos de responsabilidade civil, a cobertura do contrato envolve danos materiais e pessoais causados desde um quebra ou pisoteamento ocorrido devido ao atraso do show, por exemplo, até o desmoronamento de arquibancadas, desde que a culpa seja legalmente imputada à promotora do evento.
O primeiro show, gratuito, é o do Rolling Stones, com uma única apresentação, na praia de Copacabana no Rio de Janeiro, no dia 18 de fevereiro. A prefeitura do Rio, uma das patrocinadoras do evento, estima uma platéia próxima a 1 milhão. O U2 realizará dois espetáculos, dias 20 e 21 de fevereiro, em São Paulo, no estádio do Morumbi, com capacidade para 73 mil para cada show. A disputa pelos ingressos é acirrada. O mais barato custa R$ 200. "Um show é na praia, com um público misto. O outro é em um estádio, com público pagante. São riscos totalmente diferentes para serem avaliados", disse o executivo da ACE, que trabalha agora com eventos do Carnaval e show do Santana.
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