Fonte: Diário do Grande ABC - Data: 02/02/2006 - 07h27
Mariana Oliveira
O consumidor que for renovar o seguro de seu veículo neste início de ano terá uma surpresa desagradável. O valor da renovação no Grande ABC em janeiro subiu até 100% – o dobro da contratação em 2005, de acordo com o Sincor (Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo). A situação atingiu até os segurados com bonificação, ou seja, aqueles não acionaram a seguradora durante a vigência da apólice anterior.
O aumento ocorre em proporções muito maiores do que apontam as estatísticas de furtos e roubos de carros da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Os índices de roubo são a principal alegação das seguradoras para definir o valor de uma apólice ou seu reajuste, segundo o Sindseg-SP (Sindicato das Seguradoras, Previdência e Capitalização do Estado de São Paulo).
Porém, a desproporção dos valores cobrados e os índices de criminalidade relativos a dezembro último, utilizado como referencial para formatação dos preços em janeiro, assustam e não se justificam. Fica claro que os reajustes das apólices foram excessivos.
De acordo com cotações feitas pelo Diário, uma Parati teve incremento de 100% na renovação. O seguro de um Vectra ficou 99% mais caro. Os reajustes contrastam com as taxas de crescimento dos delitos na região. Em dezembro último, houve queda de 19,5% nos roubos e furtos da região ante o mesmo mês de 2004. Somente em Santo André, considerada a cidade mais cara para seguros, os delitos caíram 30% no mesmo período.
Considerando todo o ano de 2005, a quantidade de roubos e furtos ficou estável na região – queda de 0,18%. Cidades como São Caetano e São Bernardo, por outro lado, apresentaram alta nas ocorrências – altas de 44,86% e 20,66%, respectivamente.
Segundo Carlos Alberto Pelais, diretor do Sincor no Grande ABC, as elevações acima de 80% ocorreram em casos específicos. "Alguns carros têm maior índice de roubos. Os flex (bicombustíveis), Paratis, Golfs, Astras e Unos foram os mais afetados." Pelais, entretanto, admite que os reajustes na região e na zona leste de São Paulo são os mais elevados do país.
As seguradoras alegam, de acordo com Pelais, que, para a formatação dos reajustes, levam em conta os índices de sinistralidade dentro de suas próprias carteiras de clientes, e não as taxas gerais de cada cidade. "Além disso, depende do perfil do cliente, a cidade onde mora e a idade. Tem seguradora que nem aceita determinados contratos, ou porque tiveram muitos sinistros ou porque o veículo tende a ser roubado." O secretário-executivo do Sindiseg-SP, Fernando Simões, informou que já existe no Grande ABC uma tradição de os seguros serem mais caros do que em outras regiões do Estado. "Isso porque a região tem alto índice de sinistralidade. Existe uma facilidade de fuga no caso dos roubos, devido à proximidade com São Paulo e a via Anchieta."
Para Sidnei Manuel dos Santos, proprietário da corretora Allent, de São Bernardo, está ficando difícil manter a carteira de clientes. "Os segurados estão reclamando muito. Os preços estão altos aqui na região. Fiz recentemente uma cotação de um mesmo carro e perfil de cliente. Com o endereço daqui, o preço era R$ 3,8 mil. Com um endereço no interior, caiu para R$ 2,1 mil."
Na Santos & Sabadin, de Santo André, o reajuste médio na renovação foi de 50%, mas chegou a 100% em alguns casos. "Isso tem influenciado muito a migração entre as seguradoras. Às vezes, um carro é mais roubado em uma companhia e fica mais barato se fechar com outra, mesmo com a bonificação", explica Adairton dos Santos, sócio-proprietário da corretora.
Ragime Torii, corretor da CRJ, de Santo André, disse que os preços chegaram a dobrar na renovação, mas o grande destaque foi para os carros flex. "Estranhamos muito. As seguradoras alegam que os veículos têm um componente eletrônico que é afetado no caso de colisões. Mas isso não justifica."
Enquete – Está disponível no site do Diário (www.dgabc.com.br) a seguinte enquete: os valores cobrados em janeiro para a renovação do seguro são justos? Participe com sua opinião.
Reajustes revoltam consumidores
Mariana Oliveira
Do Diário do Grande ABC
Revolta e irritação extrema. Esses foram os sentimentos dos consumidores do Grande ABC quando foram renovar suas apólices de seguro. O advogado João Batista Alves Bianchi, morador de São Bernardo, considera a situação surreal. O seguro do Astra dele que custou R$ 1,47 mil no ano passado, passou para R$ 2,42 mil neste ano na renovação – alta de 64,6%, mesmo após cinco anos sem a ocorrência de sinistros.
"Deixo sempre o carro no estacionamento e tomo todos os cuidados possíveis. Acho um absurdo um aumento nessa proporção, sendo que a inflação subiu entre 5% e 6%. O que falta para as seguradoras é um órgão regulador, que defina regras sobre os reajustes, por exemplo. Eles não podem simplesmente alegar que aumentou o número de sinistros na carteira deles e elevarem os preços. Afinal, o consumidor nunca terá certeza se essa informação é real ou não. Caberia um investigação por parte do governo, Susep ou Ministério Público. As seguradoras não podem ter esse poder de fazer o que quiserem", desabafa o advogado.
Para Bianchi, o prejudicado sempre é o consumidor. "Ficamos em uma situação difícil. Se ficarmos sem seguro, o ladrão nos rouba. Se fizermos seguro, o roubo é por parte das seguradoras. Não é possível que o bem das empresas privadas fique acima do bem da sociedade; é preciso haver uma fiscalização das ações das seguradoras."
O empresário Cléber Vieira, de São Bernardo, também ficou indignado com as elevações. Com uma frota na empresa de cinco veículos, a renovação do seguro do Vectra foi a que mais impressionou: passou de R$ 3,03 mil para R$ 6,03 – alta de 99%. "Foi assustador. A elevação foi muito alta, mesmo eu possuindo rastreador. Pode ser que as seguradoras estejam agindo de má-fé. Tudo bem que o índice de roubos é alto, mas os aumentos são absurdos."
O advogado Marcelo Gomes, de São Bernardo, precisou até vender sua Parati neste ano. Isso porque a renovação do seguro do carro mais do que dobrou: passou de R$ 1,2 mil para R$ 2,5 mil. "Todo mundo que tem Parati reclama. Me convenci de que o carro não compensa. Acabei comprando um Palio Weekend, que nem peguei na concessionária ainda, e o seguro ficou em R$ 1,3 mil. Os preços estão muito altos."
A analista jurídica Letícia May Koga, de São Bernardo, foi fazer o seguro do primeiro carro, um Palio, e verificou que o preço mais barato encontrado representa 10% do valor do carro. "Sem seguro não dá para ficar, mas os preços estão absurdos. Acho que as seguradoras estão aproveitando a onda de violência para explorar o consumidor."
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